Desde que passei por esse texto da Nancy Mangabeira Unger em uma coletânea de artigos sobre as bases
filosóficas
para a
Educação
Ambiental, re-estruturei minha postura ética em relação ao que me cerca.
[ Heidegger:"Salvar é deixar Ser" : http://educambientando.blogspot.com.br/2013/11/filosofia-na-conservacao-ambiental.html ]
[ Heidegger:"Salvar é deixar Ser" : http://educambientando.blogspot.com.br/2013/11/filosofia-na-conservacao-ambiental.html ]
Antes disso, nunca me agradou a perspectiva messiânica de redenção do humano através de um "ser superior"; tampouco a variação dessa mesma lógica onde humano se coloca no "ápice" de uma mal interpretada "escala" da diversidade biológica da natureza e assume para si o direito e o dever de zelar pelo bem do planeta.
Sempre me soou muito covarde e perigoso esse fetichismo moral promovido pelo discurso religioso cristão... Nos isenta de responsabilidade ao mesmo tempo que anula o passado e o futuro como responsabilidade humana (afinal, o sujeito morreu para nos salvar...).
Ainda mais perigoso esse discurso se torna quando aceito por povos de países que tiveram um passado colonial recente como o Brasil; passado este aliás, com ecos de submissão intelectual ainda gritantes na nossa cultura... (inclusive talvez; eu mesmo aqui, deslumbrado com o Heidegger ...)
Meu asco pela interpretação filosoficamente rasa dessa lógica messiânica no Brasil e sua disseminada aceitação cultural, se tornou ainda mais forte na medida que percebia o potencial perverso de manipulação desse discurso pelo que parece ser atualmente a pior vertente do cristianismo: a manipulação ideológica das religiões protestantes na apropriação política da população com baixa renda.
Voltando ao re-encontro com Heidegger...
Pesquisando trechos em vídeo da última vinda do biólogo chileno Humberto Maturana ao Brasil para um workshop sobre biologia-cultural, encontrei esta fala comungada com sua companheira Ximena D'ávila: "O futuro da Humanidade não são as crianças. Somos nós, os adultos de hoje."
http://alana.org.br/humberto-maturana-e-ximena-davila/
(ou)
https://youtu.be/bhkrB8WntNA
Isso coloca em diálogo a postura ética-existencialista que a Nancy nos lembra da fala do Heidegger com a responsabilidade de termos consciência de nossas ações no tempo-presente.
Penso que temos que estar sempre alternando entre a lembrança do passado na vivência de um presente consciente do seu desdobramento no futuro.
Não acho que isso seja algo trivial de se fazer dada a nossa cultura atual: pautada na satisfação de desejos imediatistas, na negação surda da nossa história e no cego fascínio pelo "novo".
Mas acho que uma vez internalizado o processo, ele dissolve as fronteiras culturais de passado/presente/futuro e nos situa conscientemente como os agentes que re-significam a todo momento a "realidade".
Essa assimilação consciente e dissolução cognitiva do "tempo" é o que me parece dar recheio a alguns rótulos culturais como "ética", "moral", "amor", "respeito" etc... que costumam ser buscados sempre fora de nós mesmos, como algo que nos falta.
(ou)
https://youtu.be/bhkrB8WntNA
Isso coloca em diálogo a postura ética-existencialista que a Nancy nos lembra da fala do Heidegger com a responsabilidade de termos consciência de nossas ações no tempo-presente.
Penso que temos que estar sempre alternando entre a lembrança do passado na vivência de um presente consciente do seu desdobramento no futuro.
Não acho que isso seja algo trivial de se fazer dada a nossa cultura atual: pautada na satisfação de desejos imediatistas, na negação surda da nossa história e no cego fascínio pelo "novo".
Mas acho que uma vez internalizado o processo, ele dissolve as fronteiras culturais de passado/presente/futuro e nos situa conscientemente como os agentes que re-significam a todo momento a "realidade".
Essa assimilação consciente e dissolução cognitiva do "tempo" é o que me parece dar recheio a alguns rótulos culturais como "ética", "moral", "amor", "respeito" etc... que costumam ser buscados sempre fora de nós mesmos, como algo que nos falta.
De fato, falta: falta assumir a responsabilidade de já termos tudo isso dentro de nós. Ou em outras palavras: aceitar o passado como constitutivo do que somos no agora.
"Passado"Pelo que estou percebendo é essa a bandeira que o Heidegger está sacudindo na nossa frente: vamos tomar consciência do passado, não como um processo de culpa, mas como re-descoberta de nós mesmos. As mesmas crises de hoje já aconteceram antes em outros contextos, com outras velocidades, por outras pessoas. Os problemas e soluções encarados pela humanidade estão logo ali atrás no nosso passado, bem como estão aqui no presente (explicitados em realidade, ou latentes na nossa potência existencial como humanos), como vão estar também no futuro daqueles que de nós se desdobrarem.
"Passado"Pelo que estou percebendo é essa a bandeira que o Heidegger está sacudindo na nossa frente: vamos tomar consciência do passado, não como um processo de culpa, mas como re-descoberta de nós mesmos. As mesmas crises de hoje já aconteceram antes em outros contextos, com outras velocidades, por outras pessoas. Os problemas e soluções encarados pela humanidade estão logo ali atrás no nosso passado, bem como estão aqui no presente (explicitados em realidade, ou latentes na nossa potência existencial como humanos), como vão estar também no futuro daqueles que de nós se desdobrarem.
Acho que a nosso papel biológico-evolutivo e/ou ontológico-existencial não está em assumirmos a responsabilidade de transformar o mundo atual em uma direção ou outra, mas tomarmos consciência da nossa consciência, nos assumirmos como vivos e naturalmente (ou autopoiéticamente, como diria o Maturana) agirmos em consonância com nossa estrutura interna de pensamento (sempre com o ouvido atento a nossa ressonância social).
OBS 1: Peguei um atalho sonoro-musical aqui, porque ainda não sei explicar o que eu entendo quando ouço sinfonias polifônicas... Mas isso deve ser o bê-a-bá de teoria musical... rsrs
O José Miguel Wisnik demostrou com as notas de um piano algo próximo ao que eu estou aqui chamando de consonância e ressonância nessa palestra...
Vale uma espiada neste trecho! [ 1h19m20s] ;)
Arte & Ciência - A Mente e o Poder da Música
https://www.youtube.com/watch?v=ifB7cqyE1RQ&feature=youtu.be&t=1h19m20s
OBS 2: Esse texto não está "pronto" (embora "pronto" nenhum texto está aliás...) mas está incompleto porque ainda me falta referenciar como assimilar e dissolver conscientemente as noções de "Presente" e "Futuro"...
Quando tiver outro insight engordo um pouco mais esse papo aqui... rsrs
Mas adiantando (imaginando) o papo, sinto que a coisa anda por aqui: o Presente se referencia na escuta do outro (já que não temos dimensão do tempo social quando imersos nos nossos próprios pensamentos, em nosso ritmo mental). Assim o presente, eu acho que surge no diálogo.
Já o Futuro deve estar na imaginação... já que o que vai existir daqui para frente é o que somos capazes de imaginar da transformação do presente (não precisa nem dizer que isso também depende do diálogo né? rsrsrs)
Enfim vamos ver no que isso vai dar... mas por agora, me faltam referências para "dialogar" esses meus insights internos... hehe
- - -
Conversando com o oráculo Google, digitei: "Somente nós nos salvaremos de nós mesmos" e ele me indicou esse texto aqui embaixo do Leonardo Boff... acho que tem a ver... =)
(Isso alias é mais uma evidência que o segredo da vida talvez esteja nos algoritmos de busca do Google... rsrsrs "42... amém!" )
A crise de nossa civilização técnico-científica exige mais que explicações históricas e sociológicas. Ela demanda uma reflexão filosófica que desemboca numa questão teológica. Quem o viu claramente foi Martin Heidegger (1889-1976), antes mesmo que tivesse surgido o alarme ecológico.Numa famosa conferência em 1955 em Munique “Sobre a questão da técnica”na qual estavam presentes Werner Heisenberg e Ortega y Gasset, ele tornou claro o risco que o mundo natural e a humanidade correm quando se deixam absorver totalmente pela lógica intrínseca deste modo de pensar e de agir: intervem e manipula o mundo natural até às suas últimas camadas para tirar benefícios individuais ou sociais. A cultura técnico-científica penetrou de tal forma na nossa autocompreensão que já não podemos entender a nós mesmos nem viver sem essa muleta que introjetamos em nosso próprio ser e estar-no-mundo.
Ela representa a convergência de duas tradições da filosofia ocidental: a platônica de cariz idealista transfigurada pela incorporação cristã e a aristotélica, mais empírica que está na base da ciência. Elas se fundiram no século XVII a partir de Descartes e fundaram a moderna tecno-ciência moderna, o paradigma dominante.
O interesse desse modo de ser é como são as coisas, como funcionam e como nos podem ser úteis. Não é o milagre de que as coisas são, confrontadas com o nada. Separamo-nos do mundo natural para entrar profundamente no mundo artificial. Perdemos a relação orgânica com as coisas, as plantas, os animais, as montanhas e com os próprios seres humanos. Tudo se transforma em instrumento para alguma finalidade. Não vemos o ser humano, como pessoa, portadora de um propósito, mas a sua força de trabalho, seja física seja intellectual que pode ser explorada.
Se algo pode ser feito, será feito sem qualquer justificação ética. Se podemos desintegrar o átomo não há porque não faze-lo e construir uma bomba atômica. Se podemos lançá-la sobre Hieroshima e Nagasaki quem o impedirá? Se posso manipular o código genético, não há limite moral ou ético que o possa coibir. E fazemos as experiências que acharmos interessantes e úteis para o mercado e para certa qualidade de vida.
Heidegger nos adverte que esta tecno-ciência criou em nós um dispositivo (Gestell), um modo de ver que considera tudo como coisa ao nosso dispor. Colonizou todos os espaços e subjugou todos os saberes. Transformou-se num motor que se acelerou de tal forma que já não sabemos como pará-lo. Tornamo-nos reféns dele. Ele nos dita o que fazer ou deixar de fazer.
Neste ponto Heidegger aponta o altíssimo risco que corremos como natureza e como espécie. A tecno-ciência afetou as bases que sustentam a vida e criou tanta força destrutiva que nos pode exterminar a todos. Os meios já foram construídos e estão aí à nossa disposição. Quem segurará a mão para não deslanchar um armagedon natural e humano? Essa é a questão magna que nos deveria ocupar como pessoas e como humanidade e menos o crescimento e as taxas de juros.
A resposta tentada por Heidegger é uma Kehre, uma ”Volta” que signfica uma revira-Volta. Este é o propósito final de todo o seu pensamento, como o revelou numa carta a Karl Jaspers: ser um zelador de museu que tira a poeira sobre os objetos para que se deixem ver. Como filósofo se propunha (pena que usa uma linguagem terrivelmente complicada) remover o que encobre o habitual e o cotidiano da vida. Pela sofisticação técnico-científica ele ficou esquecido, abstrato ou enrijecido. Ao fazer isso o que se revela então? Nada senão aquilo que nos rodeia e que constitui o nosso ser-no-mundo-com-os outros e com a paisagem, com o azul do céu, com a chuva e com o sol. É deixar ver as coisas assim como são; elas não nos oprimem mas estão, tranquilas, conosco em casa. Foi buscar inspiração para esse modo de ser nos pre-socráticos particularmente em Heráclito, que viviam o pensamento originário antes de se transformar com Platão e Aristóteles em metafísica, base da tecnociência.
Mas suspeita que seja tarde demais. Estamos tão próximos do abismo que não temos como voltar. Na sua última entrevista ao Spiegel de 1976 publicada post-mortem diz: “Só um Deus nos pode salvar”. A questão filosófica sobre o destino de nossa cultura se transformou numa questão teológica: Deus vai intervir? Vai permitir a autodestruição da espécie?
Como teólogo cristão direi como São Paulo:”a esperança não nos engana”(Rm 5,5) porque “Deus é o soberano amante da vida”(Sb 11,26). Não sei como. Apenas espero.
Fonte: https://leonardoboff.wordpress.com/2013/05/19/so-um-deus-nos-podera-salvar-2/
Leonardo Boff é autor: Proteger a Terra-cuidar da vida: como escapar do fim do mundo, Record Rio 2010.
55
simone sarmento lima PERMALINK
19/05/2013 18:17
Mais um questionamento instigante!
“A questão filosófica sobre o destino de nossa cultura se transformou numa questão teológica: Deus vai intervir? Vai permitir a autodestruição da espécie?”
Se as civilizações Ocidental e Oriental vivem sob o impacto do “descentramento e deslocamento de identidades culturais e pessoais” (Stuart Hall),vivemos diariamente riscos e desafios.
Convivemos com novas promessas de felicidade, ofertada pelo discurso da ciência, da tecnologia e das novas formas de relacionamento humano, que têm acentuado a frieza e a fragmentação das relações entre as famílias, entre as sociedades e os povos.
Será que poderíamos dizer, que vivemos uma Sodoma e Gomorra pós-moderna? Regida pelo gozo?
Apesar de existir o livre arbítrio, é sabido que a cultura se instalou no mundo como um sistema de refreamento das “pulsões destrutivas”( lê-se energias destrutivas que se deslocam, contidas no sujeito. Freud denominou-as de pulsões de morte, do mesmo jeito que existem as pulsões de vida), que limita, que interdita, que impede o gozo, as transgressões. E essa busca desmedida de satisfação de todas as necessidades, colocaria o gozo antes da cautela, o que abriria vestígios de impossibilidades em termos de sobrevivência humana. E o que hoje estamos assistindo em termos de felicidade mascarada, põe em risco a sobrevivência da espécie inevitavelmente – a autodestruição.
O apocalipse deve ser isso. Deus fez tudo com amor e ele é amor, não destrói. Mas
o que pode ele fazer se a criatura dele quer destruição? Uma limpeza se fará. Acredito eu.
“A questão filosófica sobre o destino de nossa cultura se transformou numa questão teológica: Deus vai intervir? Vai permitir a autodestruição da espécie?”
Se as civilizações Ocidental e Oriental vivem sob o impacto do “descentramento e deslocamento de identidades culturais e pessoais” (Stuart Hall),vivemos diariamente riscos e desafios.
Convivemos com novas promessas de felicidade, ofertada pelo discurso da ciência, da tecnologia e das novas formas de relacionamento humano, que têm acentuado a frieza e a fragmentação das relações entre as famílias, entre as sociedades e os povos.
Será que poderíamos dizer, que vivemos uma Sodoma e Gomorra pós-moderna? Regida pelo gozo?
Apesar de existir o livre arbítrio, é sabido que a cultura se instalou no mundo como um sistema de refreamento das “pulsões destrutivas”( lê-se energias destrutivas que se deslocam, contidas no sujeito. Freud denominou-as de pulsões de morte, do mesmo jeito que existem as pulsões de vida), que limita, que interdita, que impede o gozo, as transgressões. E essa busca desmedida de satisfação de todas as necessidades, colocaria o gozo antes da cautela, o que abriria vestígios de impossibilidades em termos de sobrevivência humana. E o que hoje estamos assistindo em termos de felicidade mascarada, põe em risco a sobrevivência da espécie inevitavelmente – a autodestruição.
O apocalipse deve ser isso. Deus fez tudo com amor e ele é amor, não destrói. Mas
o que pode ele fazer se a criatura dele quer destruição? Uma limpeza se fará. Acredito eu.
Leonardo Boff nos convida a refletir sobre nossa civilização técnico-científica que entranhou o capitalismo e sua ideologia em nossas vidas transformando tudo em ‘coisa”, em mercadoria e nos afasta do essencial. A partir das reflexões de Heidegger alerta que podemos estar num caminho sem volta, se não tomarmos consciência e não mudarmos radicalmente os rumos de nossas vidas. Aí “só um Deus nos poderá salvar”.
Ao aguardarmos que Deus venha nos salvar, minha preocupação é: não estariamos assim, pretendendo transferir ao Outro, uma responsabilidade que é de todos e de cada um de nós seres humanos, exatamente como fazem as mais diversas religiões? Já não passa da hora do ser humano, enquanto espécie, despertar para a importância de sua participação ativa, em relação à construção da própria história e do seu destino sobre a face da Terra???
Hegel disse bem: O ser humano aprende da história que não aprende nada da história mas aprende tudo do sofrimento. Prefiro Santo Agostinho em sua autobiografia – As Confissões – o ser humano aprende de duas fontes: do sofirmento que nos dá duras lições mas muito mais do amor que nos leva a grandes transformações para estarmos junto da pessoa amada. Creio que vamos ter que aprender do sofrimento e do amor. Mas desta vez o sofrimento poderá ser terminal, aquele de um moribundo. Mas prefiro crer que seja o sofrimento de um parto de uma vida nova que vai nascer.
lboff
A ciência da Administração pós-moderna vem buscando resgatar, nos estudos críticos, formas alternativas de mudança do paradigma funcionalista e utlitarista.
Burrel e Morgan (1979) sugerem que os cientistas assumem visões do mundo e das ações humanas seguindo orientação objetivista – positivista, funcionalista, normativa, determinista em que o mundo é objetivo, concreto, previsível, controlável, e segue leis próprias ou orientação subjetivista (interpretativista), em que nada é previsível, o mundo é construído na interação social, e a Ciência deve visar à libertação dos indivíduos e ao seu bem-estar, privilegiando-se o coletivismo ao individualismo. O subjetivismo, para Morgan e Smircich (1980), nega a possibilidade de geração de conhecimento objetivo, visando a determinar relações entre fatos, uma vez que toda atividade científica é baseada em pressupostos ontológicos, que refletem os interesses, as crenças e valores do cientista. Para os autores, a ciência social não é objetiva, isenta, e os fatos sociais não são pré-definidos e previsíveis, mas construídos na ação social. Isso leva à indagação: Reações humanas frente às questões socioambientais, de natureza subjetiva podem ser previstas segundo os modelos econômicos, objetivos, determinísticos? Certamente que não, como bem observa o articulista.
A vida das organizações e da sociedade ocidental repousa sobre valores que são inspirados em valores econômicos, utilitaristas. “Estes valores, implícitos ou explícitos, vão definir as regras de ação que inspirarão os julgamentos e as condutas”. Essa ética põe em risco as relações humanas, que não se comportam unicamente sob uma óptica econômica. De fato, se aceitarmos que os valores econômicos, utilitaristas são a base do sistema de valor e relações na sociedade, ao buscarem a maximização da satisfação individual, as empresas e os indivíduos estarão minimizando todas as demais considerações sociais e ecológicas que não possuem valor econômico e que são objeto de reivindicações (CHANLAT, 1992, p. 69).
Para Morin (2006, p. 25), “os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo paradigmas inscritos culturalmente neles”. Um paradigma, segundo o autor, consiste na “promoção/seleção dos conceitos-mestres da inteligibilidade”. O autor complementa que “somente o paradigma complexo de implicação/distinção/conjunção permitirá tal concepção, mas esta ainda não está inscrita na cultura científica” (p. 25).
Morin (2006) entende que a Ciência atual segue o Grande Paradigma do Ocidente, em oposição a uma visão de integração, que adote em linhas gerais conceitos do Oriente. Recentemente, a partir da teoria dos sistemas, foi desenvolvida a teoria da Complexidade propondo que tudo é ligado por uma “teia da vida”. Segue em linhas gerais o paradigma do oriente, com a convivência dos contrários, em que o desequilíbrio gera o caos e, com isso, as mudanças. Há uma fragmentação cultural e diversidade, que torna o mundo complexo e, por isso, adota-se uma visão multiparadigmática, transdisciplinar.
Me parece que, neste ponto, a cultura ocidental não apresenta solução, devendo-se direcionar para questões filosóficas, éticas que transcendem as necessidades materiais imediatas, ou seja, de certa forma, em um Deus.
Em apoio a esta visão de mudança de consideração de valor, Lewis e Grimes (2007, p. 35) sigerem a necessidade de “desafiar premissas tidas como corretas e retratar as organizações sob novos enfoques”, mediante a metatriangulação ou uma análise organizacional sob um enfoque multiparadigmático e, com isso, ampliar o escopo da visão. Oliveira e Rizzo (2007, p. 1), em ensaio teórico sobre o tema socioambiental e estratégias, sugerem a necessidade de a administração caminhar para “mudanças não superficiais e sim paradigmáticas”, integrando as perspectivas social, política, econômica, tecnológica, cultural, além da ambiental propriamente dita.
No caso da questão ambiental, se as práticas de gestão estão conduzindo para a exaustão dos recursos naturais e poluição e comprometimento da vida, a crítica deve alertar para isso, propondo reflexões que permitam reverter a tendência, como afirmado por Fournier e Grey (2007, p. 343), de que “estar engajado em estudos críticos de gestão significa dizer que existe algo errado com a gestão, enquanto prática e corpo de conhecimento, e que ela deve ser mudada”.
São estas considerações, para enriquecimento do debate.
SEMPRE LEIO SEUS TEXTOS E APRECIO MUITO.
Lembro de uma estória contada por um xamã que dizia que quando o homem foi criado, Deus precisou esconder o segredo do Universo, para que o homem não colocasse em risco a humanidade com seu conhecimento técnico-cientifico, como uma fórmula da Coca-Cola. Então o criador pensou no fundo dos oceanos, mas foi avisado que um dia o homem alcançaria, depois no topo do Everest, mas percebeu que não ia durar muito tempo para ele chegar lá, resolveu então colocar num planeta distante, mas ainda assim não adiantaria, pois o homem alcançaria os confins do universo. Então, Deus percebeu o único lugar que o homem não iria achar o “segredo” …colocou dentro do coração dos homens.
Um abraço
Os cientistas que desenvolveram todas as vacinas que ele tomou e os medicamentos que utiliza; os dentistas que aprenderam como manter tudo no seu devido lugar e assim evitar que ele, já em idade avançada, só possa se alimentar de caldos; os médicos que descobriram como funciona o corpo humano… todos tiveram de burlar a ética para que o Boff possa usufruir de tudo isso hoje.
Chega a ser uma certa ingratidão isso… Qualquer pessoa que tenha ultrapassado os 40 anos de idade deve sua existência única e exclusivamente à ciência, pois na época que certas práticas não existiam, essa era a média de vida das pessoas.
Aliás, se estivéssemos vivendo de fato uma tecnocracia, medidas de controle de natalidade mais eficazes já teriam sido tomadas, pois a tecnocracia é amoral. Essas medidas só não são tomadas por causa de… “deus”, que “ordenou” o crescei e multiplicai-vos, e isso está tão plasmado nas pessoas que elas não conseguem enxergar que é aí que mora o problema. Nossos recursos não são infinitos e poucos recursos geram guerra, e é a guerra que gera bombas de Hiroshima e Nagasaki. É por intermédio da ciência, mas a mesma tecnologia usada nestas bombas é utilizada pra destruir células cancerígenas. Provavelmente, esta tecnologia salvou mais vidas que destruiu.
As guerras do presente e do futuro não serão mais como as que eram travadas por Napoleões, Gengis Khans ou Alexandres – que visavam acúmulo de território. Serão (e são) guerras por disputa de recursos. E vai ficar cada vez pior, pois a cada dia cava-se mais, explora-se mais, geramos mais lixo, mais poluição, mais gente desmata áreas naturais para poder construir suas casas… Pois jamais estivemos tão lotados!
Eu acho exatamente o contrário: menos “Deus” com seus mandamentos que só serviam numa época em que o mundo tinha meia dúzia de sobreviventes, e mais ciência, é o que irá nos salvar.
O problema não é a superpopulação. A Terra pode alimentar bem ate dez bilhões de pessoas. O problema é que os alimentos são mal distribuidos. Foram feitos commodities para o mercado especulativo. A mesa está posta e ricamente servida. So que os pobres, mais de um bilhão, não tem sequer um centavo para servir-se de um pouco de arroz e feijao.Ficam junto aos cães ao pé da mesa. Essa desumanidade é que cria a crise do planeta. A técnica sem consciencia não salva, pelo contrário nos aproxima mais e mais do abismo. Precisamos da justa-medida e da autocontenção de nossa voraciadade senão a Terra não aguentará mais e acabará nosa expulsando dela.
lbof
Pra ter uma vida digna, pessoas precisam de comida, água potável, sistema de esgoto, moradia, roupas, medicamentos, transporte e hoje até índio precisa de internet e, portanto, de equipamentos eletrônicos.
Agora estenda isso a todos que não têm. Você acha mesmo que estamos nadando em recursos pra sustentar isso?
Partilho com vc o desencanto com a situação a que levamos a Mãe Terra. Temos que com urgencia resgatar a razão sensivel e cordial se quisermos ainda salvar nosso futuro. Bem dizia um antigo sábio norte-americano: a tragédia não é a morte mas o que deixmos morrer dentro de nós enquanto vivemos.
com minha solidariedade
lboff
Creio que compreendo-o, porque tenho por abjeto o sistema de crenças espelhados em suas palavras, mas devo me compadecer, porque enquanto V.Sa. viver, terá a oportunidade de modificar sua maneira de pensar. Minha proposta é que comece aceitando Jesus como seu único e suficiente Salvador.
“Eu rogarei ao Pai, e Ele nos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.(Jo, 14,16)
Estima-se que o planeta já tenha passado por até 5 extinções em massa.
Por outro lado, por incrível que pareça, estamos mais conscientes de tudo, pois só aprendemos mesmo com as dificuldades e os erros, assim evoluímos. A evolução é lenta, porém inexorável e, certamente, algo de muito importante, um choque, vai acontecer para que finalmente acordemos, já que estamos tão lentos em nossa reação e, esse choque, certamente, será dado, ou pela natureza ou por nós mesmos, devido ao extremo desequilíbrio da sociedade atual.
Já dizia o filósofo espiritualista Paul Brunton: “o mal para ser eliminado precisa primeiro vir à tona”, e ele geralmente vem, porém, gradualmente. O perigo é ele vir abruptamente,de uma hora para outra, para nos acordar da inércia e da insensibilidade em que nos metemos.
Em resumo, ele nos disse que:
Movido pelo materialismo, que o faz acreditar somente naquilo que vê, e pelo egoísmo, que o leva a agir de acordo com sua própria conveniência, o homem tornou-se prisioneiro de uma ambição desmedida e inconseqüente e vem destruindo o equilíbrio do planeta, criando para si e seu semelhante, desarmonia e infelicidade.
As graves conseqüências do desrespeito às Leis Naturais podem ser verificadas na agricultura, na medicina, na saúde, na educação, na arte, no meio-ambiente, na política, na economia, e em todos os demais campos da atividade humana. Essa situação já chegou ao seu limite. Se continuar agindo assim, é certo que o homem acabará destruindo o planeta e a si mesmo.
O propósito da Filosofia de Mokiti Okada é despertar a humanidade, alertando-a para essa triste realidade. Ela cultiva o espiritualismo e o altruísmo, faz o homem crer no invisível e ensina que existem espírito e sentimento não só no ser humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres.
O Johrei, a Agricultura Natural e o Belo são práticas básicas dessa filosofia, capazes de transformar as pessoas materialistas em espiritualistas e as egoístas em altruístas, restituindo ao planeta seu equilíbrio original.
Seu objetivo final é reconduzir a humanidade a uma vida concorde com a Lei da Natureza e construir uma nova civilização, alicerçada na verdadeira saúde, na prosperidade e na paz”.
maravilhoso
Achei instigante sua observação das formigas e o renovar da natureza depois de cada dizimação sazonal. No nosso caso há uma singularidade: se nos acontecer uma tragédia global que afeta a inteira humanidade e todo o planeta não haverá mais ninguem para refazer a humanidade.Dos dinossauros que viveram 133 milhões de anos sobre a Terra não sobrou ninguem depois da catástrofe ocorrida no Caribe há 65 milhões de anos, para refazer a espécie. Vieram seus descendentes….mas eles, como dinos, desapareceram. Eu espero que não aconteça com a espécie humana. James Loverlock, o formulador da teoria Gaia,diz que nós fizemos tantas e tão violentas coisas contra a Terra que já não merecemos estar sobre ela. Talvez a Terra mesma cuidará de se livrar de nós. Espero que ela tenha compaixão e nos reeduque e demos um salto quântico rumo a comportamentos mais amigáveis à vida.
lboff
Aqui, Viveiros de Castro se refere, de maneira crítica, à uma ideia mais do que ultrapassada de que indígenas são “atrasados”. Pois bem, nunca foram! E para a antropologia este assunto se encerra nos idos de 1900. Sim, há mais de 100 anos, quando se inicia o rompimento do evolucionismo. Mas até hoje, a ganância etnocêntrica, que não vê nos povos mais do que mão de obra barata e se vale de um dado poder (branco, racista, proto-fascista e segregacionista), para se manter no “topo” da cadeia. Cairão!
Se apropriaram de mão de obra escrava por mais de 500 anos só no Brasil e continuam.
Se Louis Dumont, com sua sociologia já propõe uma crítica ao pensamento individualista da “ideologia” moderna, não o faz por menos, mas vale ressaltar que, é uma “ideologia” colonialista, devastadora, imperialista, racista e escravista e branca!
Esse tipo de diálogo para mim, no meu cotidiano, é uma premissa e não o debate em si, pois reflete não mais do que uma realidade empírica. Assim, me valendo do trabalho do antropólogo George Lipsitz, cito também:
“A demografia de nossa profissão não se assemelha à demografia das comunidades que estudamos: um signo das iniquidades e exclusões perto de casa, que precisamos abordar a fim de criar um campo capaz de realizar trabalho melhor. As comunidades cujas culturas inspiram nosso trabalho estão em perigo e conflagradas, infestadas por economia neoliberal, império, guerra, racismo e exploração. […] . Em um país (EUA) que proclama seu direito de declarar guerra antecipada em qualquer lugar do mundo, que se utiliza de tortura, violando as leis internacionais, que enxerga suas crescentes desigualdades como um modelo a ser exportado para o resto do mundo, nós precisamos nos levantar, e nos manifestar.”
Apoiado, sempre!
Contra a exploração, contra o capital.
“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente libres”. Rosa Luxemburgo.
” E se o meu povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha face se converter dos seus maus caminhos, então Eu ouvirei dos céus e perdoarei os seus pecados, e sararei a vossa terra” 2 Cr 7:14.
Se nos queremos fazer alguma coisa para resolver o problema, esta é a solução.
Vocês já assistiram um documentário sobre as ilhas Fiji, Deus amou aquele povo mas o povo escolheu tirar Deus definitivamente de seu paí; ai … assista ” Avivamento nas Ilhas Fiji”